terça-feira, 2 de março de 2010

QUE SAUDADES

Pois ela tinha muito para contar. Durante anos,acreditara no destino,que fora assim que a sua mãe lhe ensinara. Mas,depois de muito pensar,chegara à conclusão de que não devia ser bem assim. Ainda que houvesse uma certa sina,com força de vontade tudo se podia alterar. E o caso dela era bem uma prova disso. Divorciara-se e estivera para morrer,ou melhor,entrara em forte depressão. Mas, com muito querer ,vencera-a. Naquela altura,sentia-se dona de si. Havia,porém,algumas didiculdades. Não tinha emprego e ficara com uma filha. O pai atrasava-se ,às vezes ,com a prestação. Estava ali a ver se ele já fizera o depósito em falta,que bem precisada se encontrava. A filha andava com muitas exigências. O que lhe valia era a mãe,coitada,que vivia de uma boa pensão. Passava a maior parte do tempo com ela,embora tivesse a sua casinha. Estava também atravessando um mau bocado. O prédio ia ser demolido e queriam pô-la num quarto com uma vizinha ou então davam-lhe dinheiro. Não sabia o que fazer.Vinha mesmo a calhar o fim do mundo. Aproximava-se o ano dois mil. Uma vizinha,muito crente, afiançara-lhe que o fim chegaria por fases. Por onde iria começar era a sua grande preocupação. Tudo isto a fizera desinteressar de muitas coisas,como de eleições. Nunca votara. Eram todos os mesmos. Só votaria num que a empregasse. Dantes não havia nada disto. Que saudades. Ela estava ainda nova e podia ser que as viesse a matar.

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