sábado, 13 de março de 2010
NUNCA MAIS
Pobre pardalito. Nascera ali,naquela horta,naquele paraíso. Comida com fartura e nunca era importunado. Aparecia por lá gente,gente de trabalho,mas sempre gente de paz. Pois naquela manhã,uma manhã fresquinha, cheia de sol,teve a companhia de um rapazinho. Lembrava-se de o ter visto já por ali,pelo que não ficou preocupado. Muito se enganou,coitado dele. Naquela manhã,o moço trazia uma arma,que lhe tinham emprestado. Estava ele,o pardalito,a banquetear-se,como era costume. Escolhera para o pequeno-almoço uma tenrinha folha de couve,coisa que ali abundava,pois água era quanta se queria,de uma grande nora que todos os dias trabalhava. Viu o moço aproximar-se,mas sem nunca pensar que lhe fosse fazer algum mal. Pois foi o fim dos seus dias. Uma valente carga de chumbo miudinho desabou sobre ele. Nem alma se lhe aproveitou. O moço ficou tão triste,quando deu com o pardalito esfrangalhado,que até chorou. Pobre do pardalito. E fez ali logo uma jura. Nunca mais. Durante muito tempo,aquele pardalito não o largou. Até em sonhos lhe aparecia. Nunca mais,nunca mais.
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