quinta-feira, 4 de março de 2010

NEM PIO

Eram onze horas de uma manhã soalheira de domingo. Acabara de sair de casa e trazia,além de um saco de lixo,um feixe de inveterados hábitos. Fechara a porta e dera o primeiro passo no passeio da sua rua,uma rua central lá do bairro. O que lhe apetecera imediatamente fazer,para cumprimentar a sua rua? Pois foi cuspir para o chão,com grande desenvoltura. Um outro isso observou sem espanto. Era o que tinha já visto,vezes sem conta. Mais,da mesma familia,haveria de ver. Era só dar tempo ao tempo. Não demorou muito. Tinha sido o último aquele cigarro. Foi a caixa atirada para o asfalto,sem cerimónias. Mas não há duas sem três,e,ao virar da esquina,lá estava a terceira,uma terceira encorpada. Nada menos do que três grandes poias,de três senhores cães,na relva do jardim. E os donos,ali ao lado,em animada cavaqueira. O que se há-de fazer? Nem pio. É que o risco é grande. Podem cuspir-lhe em cima,mandá-lo passear e não se sabe mais o quê.

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