domingo, 4 de abril de 2010

O RECIBO

Trazia-a fisgada. Aquele ar decidido,aquele olhar de poucos amigos,aquela cara de sarilhos não enganavam. Estava na bicha,mas deixavam que velhas como ela se sentassem. Nem pensar. Tinha de estar de pé,bem de pé,para nada perder. E surgiu uma infracção que ela não podia deixar passar. Alguém parecia querer intrometer-se,ultrapassando outros,ela incluída. Que é lá isso? Não esperou que os da frente reagissem. Que abuso é este? Então só ela é que protestava? O que era que as meninas da recepção estavam ali a fazer,não tinham olhos? E mais neste estilo. Afinal,o caso tinha a sua justficação,que ela ouviu mas não calou. Chegou a sua vez. Tinha uma consulta marcada. Para que médico? Não sabia, nem lhe interessava. Eram todos os mesmos. Lá pagou o que era devido,ficando ,de pé ,à espera de que a atendessem. Impaciente,não se cansava de perguntar se demorava muito. Por fim,lá se sentou,mas não completamente,assim como quem dobra apenas um joelho. A sua cabeça não parava,à procura sabe-se lá de quê. O recibo é que ela não largava. Parecia a conta que ele tinha de cobrar de alguém.

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