segunda-feira, 26 de abril de 2010

PAU DE VIRAR TRIPAS

Era uma toada inconfundível,comovente. Até as andorinhas acordariam nos beirais dos telhados. Devia estar próximo o grupo que a produzia. Os caminhos mal se viam. Só uma ou outra réstia de candieiro a petróleo servia de amparo,que o tempo era de muito atraso. Mas eles já os conheciam de cor,desde meninos. Nem tinham conhecido outros. E eis que os da frente assomaram ao fundo da rua estreita. Vinham em grupo compacto,de passo lento e cadenciado. Destacava-se bem o Francisco,pela altura. Era um pau de virar tripas. Crescera estiolado,talvez por ter sido fraca a ração. Ainda naquela manhã se lastimara. Só dava para o pão e mesmo assim não se podia um homem alargar. O que lhe valera ultimamente fora aquele trabalho inesperado,como que caído do céu. Era pena que o não tivesse para sempre,que bom jeito lhe faria. Tinha de ter paciência,como fizera até ali. Lá foram rua abaixo,para entrar em qualquer locanda,onde pudessem afogar as mágoas. O taberneiro não se esqueceria de apontar.

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