terça-feira, 20 de abril de 2010

O SEU JARDIM

O quadro é este. Está para ali a gigante roseira,de rosas vermelhas,entre duas agaves gigantes,tudo entalado em estreito corredor. Em pano de fundo,perfilam-se umas ruínas de há dezenas de anos. Um dos limites do corredor é um muro alto,a esboroar-se,onde a roseira e as agaves se encostam e do qual recebem protecção. Desentranha-se esta roseira. É um gosto em frente dela ficar. Não se cansa a roseira e não cansa para ela olhar. Quase se não vêem as folhas,de tantas serem as rosas,grandes,médias,pequeninas. Para quem se adornará a roseira,que não se acredita que seja para um ou outro que por ela se interesse? Talvez para a numerosa colónia de gatos que por ali andam,fazendo pela vida. Porque não? Também têm direito,pois então,tanto mais que são seus fiéis vizinhos. E depois,alguma outra alegria eles hão-de ter,para além da que colhem,quando alguém lhes enche a dispensa. É o seu jardim,assim se pode dizer.Parece tudo isto um quadro daqueles que os entendidos consideram como naturalistas, ou realistas ,à Millet. Mas este gigantismo dá para pensar. E julga-se que só pode ter uma explicação. É que as ruínas são de uma antiga fábrica de fermentos . Por ali devem ter ficado uns restos,que se perpetuam,a atestar a sua qualidade. E o resultado é este. Aquilo é só crescer,crescer. Até os gatos não escapam. Começou por uma família e agora é uma tribo. E aquilo é capaz de não se ficar por ali,pois não se vê jeitos de as ruínas sairem de lá.

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