terça-feira, 27 de abril de 2010

VERDE

Começara por habitar um andar de renda. O que ela deve ter sofrido,o que ela deve ter passado. Com o tempo ,as coisas melhoraram,com muito alívio dela,e pôde trepar. Agora,tinha um tecto muito seu. Mas não era ainda isso que ela queria. Seria uma mediania aviltante. Faltava ali um elemento imprescindível,um elemento essencial,faltava o verde. E o conjunto sonhado surgiu,estava ali mesmo na sua frente,ao alcance das suas duas mãos,que uma só não chegava. Era mesmo aquilo que lhe convinha. Ficaria ali como uma rainha,que ela se achava no direito de ser. Havia,porém,um óbice,um obstáculo de respeito. A fasquia estava alta. Havia de a baixar,que ela era mulher para isso e muito mais. Mas o tempo arrastava-se,apsar dos seus esforços,e a fasquia continuava lá bem alto. Nesse transe,nesse angustiante transe,que nenhuma rainha tinha ainda atravessado,gastava os dias,inteirinhos,numa pesada tristeza,remoendo,dando tratos à sua muito fértil imaginação. O olhar era ausente. Metia dó.

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