domingo, 4 de abril de 2010

MUDAR DE RAMO

Emprestava dinheiro. Soube-se isso,não por portas travessas,mas da própria. Seria para ela um negócio como outro qualquer. E entrou em pormenores. Era tudo muito simples,sem papelada. Confiava,mas ai daquele ou daquela que lhe pregasse o calote. Nunca mais. Mas a maor parte cumpria. Pudera. Convinha-lhes ter sempre ali aquela tábua de aparente salvação. Humildes,honestos,incapazes de a prejudicarem,agradecidos,em jeito de manterem a porta aberta. Era uma mulher baixa,atarracada,de trunfa oxigenada. Os dedos,os pulsos,o pescoço, brilhavam. Não admirava,assim,que despertasse tentações. Ainda há dias a tinham derrubado e espezinhado. Aliviaram-na de alguns adornos e estivera por um fio. Nem a casa escapava. Estava lá apenas o marido,quase um inválido. E sabiam quem ajudara à festa? Uma que se dizia sua amiga. Uma falsa. Fora uma razia,mas restara ainda muito,graças a Deus. Isto estava impossível. A droga,o desemprego,a insegurança cresciam,a olhos vistos. A vontade dela era abrir banca noutra terra menos perigosa. Sim,porque mudar de ramo não estava nos seus projectos. As palavras saíam-lhe com dificuldade,o arfar tornara-se mais ruidoso,mas lá dentro morava uma força que a empurraria para novos empreendimentos de igual cariz.

Sem comentários: