sábado, 3 de abril de 2010

ALARDEAR

Mesas de quatro alinhavam-se no vasto refeitório. Não havendo lugares marcados,abancava-se no primeiro que estivesse vago. A fome era muita e o tempo não estava para esquisitices. Um estudante não era mais do que um bate-chapas,antes pelo contrário. Foi assim que ele se deu a conhecer. Ganhava bem,mesmo muito bem,melhor do que esses doutores,um dia,quereria ele insinuar. Além da oficina,tinha,ainda,uns bons biscates. E podia,até,estar a ganhar mais,se tivesse aceitado ir para o Canadá. Dá-me jeito vir aqui,pois fica perto. Não se come nada mal e poupa-se. Podia ir a um restaurante,mesmo dos caros,se me apetecesse,como tenho feito muitas vezes. Estava a alardear. Mas isso fazia parte da sua rica personalidade. Houve então alguém que não resistiu a provocá-lo. Estava a pedi-las. Certamente que a sua mulher e filhos o acompanham nessas ocasiões. Mulher e filhos? Livra. Eu tenho mas é duas,uma,até à meia- noite,e a outra,da meia-noite em diante.

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