segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
PASSADO
Ainda os ouvira cantar pelas ruas,à noitinha,depois do regresso dos trabalhos. Soltariam as mágoas ou esperariam,deste modo,recobrar forças para o dia seguinte. Ainda os vira sentados em bancos corridos,servindo-se de sopas de pão que fumegavam. Ainda envergou os seus pelicos,quando o frio o atormentava e a eles não,porque a enxada ou a picareta os aquecia. Ainda sentiu o cheiro forte dos seus sobretudos de lã,lembrando pão saído do forno,quando o jipe ia trancado por causa das intempéries. Ainda os viu, atrás de muares,de mão na rabiça do arado rasgando a terra,orientando-se por belgas,ou pela ciência de anos sem conta,ou pela torre de algum castelo ou igreja. Ainda passou por muitas varas de porcos,engordando à custa de bolota dos montados. Ainda se refrescou com pirolitos feitos com água da Serra de Ossa. Ainda comeu à luz de candieiros a petróleo,em vilas cabeças de concelho,e viu correr esgotos a céu aberto.Ainda assitiu ao fabrico de carvão de sobro e de azinho. As fábricas lembravam afloramentos rochosos,que se somavam aos muitos que por lá existem. Não tiveram conta os quilómetros que andara de jipe por caminhos de herdade e os palmilhados por chão plano e por encostas a subir e a descer,umas vezes cobertas de searas e outras à espera de que lá as pusessem. Já passou por alguns "montes" adquiridos com o dinheiro da venda de meia dúzia de metros quadrados urbanos.
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