sábado, 27 de fevereiro de 2010

TRAPO VELHO

O que havia de ter acontecido à mulher. De repente,sem aviso prévio,tem de se socorrer do primeiro WC que lhe apereça,não importa onde. Mas as pessoas habituam-se a tudo,até a maus tratos. O marido acabou também por se conformar. Uma manhã,calhou ser um daqueles que funcionam com a introdução de uma moeda. Era numa alameda,nas vizinhanças de um casino. Pena era que não dispusesse de uma janela panorâmica. Ela entrou e o marido ficou de sentinela. Um velhote,apoiado em grossa bengala,abeirou-se,curioso de saber pormenores sobre aquele novo mobilário urbano. Supunha que não custasse tanto dinheiro. Então,tem lá dentro alguèm? Sim,é a minha mulher. Coitada,de vez em quando,é isto,não pode esperar. Tem com que se entreter para o resto da vida. Mas podia ter sido pior. Eu que o diga,quase lacrimejou. Você tem sorte,pois ela está ainda viva. Agora eu,ando para aqui sozinho,que a minha já lá vai. Muita falta me faz,pois estou para aqui feito num trapo velho. E lá foi,caminhando com muita dificulade ao longo do passeio.

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