quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

UM BAILADO

Eram muitas as formiguinhas, em nervoso movimento,parecendo perturbadas. Mas por que haviam elas de fazer pela vida naquele empedrado,mesmo ali à vista de uma estrada de contínuo fluxo,dela apenas separada por estreita tira relvada? Isso seria lá com elas. O facto,é que lá andavam para a esquerda,para a direita,para a frente,para trás,para cima,para baixo,sem pararem. Lembrava aquilo um bailado. Mas que agilidade a delas. Separavam as pedrinhas uns estreitos canais. Mas à sua escala,seriam,antes, ravinas profundas e largas. Pois venciam-nas com muitas pernas às costas. Com gente,seriam braços e pernas partidas, certamente. Depois,dava ideia de que se arrependiam continuamente,voltando para onde tinham partido ainda há instantes,transpondo os mesmos desfiladeiros com igual ligeireza. Um prodígio,não havia dúvida. Estariam tontas? Tanto esforço,ou não,sabe-se lá,para nada,pelo menos assim parecia. Para recomeçarem tudo de novo.

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