"O Antero estava muito alto,o Oliveira Martins distante e o Eça era irónico. Junqueiro viveu connosco. Todos assistimos à sua vida,em todas as fases;conhecemos-lhe todas as suas aspirações. Soubemos quando quis ser santo e assistimos às suas partidas para Barca de Alva,com sacos de sulfato. Distribuiu por todos nós uma parte do seu prodigioso sonho. Nunca se isolou. Podia-nos ter desdenhado. Nenhum de nós estava à altura do seu génio,nem mesmo da sua bondade. Nunca o fez. Ao contrário,teve para todos,até para os mais humildes,uma boa palavra,um conselho,um prefácio,duas frases amigas. Todos fomos seus camaradas. Teve talvez actos vulgares e actos institivos - mas quem os não tem? Quem está livre de erros e de paixões?...Quanto mais os homens duma vitalidade extraodinária como a sua! "Houve tempo - diz Ricardo Jorge - em que Camilo e Junqueiro se juntavam no Porto e então as discussões eram tremendas. Às vezes iam-me bater à porta às três horas da manhã. Felizmente que aquilo durava duas,três semanas,e o Camilo partia para Seide,porque senão eu morria extenuado.""
RAUL BRANDÃO
Memórias (Tomo II)Obras Completas Vol.I p.195
Edição de José Carlos Seabra Pereira
Relógio D'Água Editores
1999
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
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