quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

OVOS SEM CASCA

O que o senhor Joaquim ganhava não lhe dava para o que ele queria gastar. Assim,logo que se reformou,montou negócio. Pôs a mulher,Dona Carminda,a cozinhar para meia dúzia de estudantes esfomeados. Ele encarregava-se das compras e servia à mesa. A mulher não lhe dera filhos,pelo que os substituíra por um cão,um cágado,um papagaio e algumas galinhas. O cão,um Serra da Estrela de respeito,só respeitava os donos. Os outros,eram todos inimigos. Foi uma sorte os estudantes escaparem. Não parava de rosnar. O cágado,coitado,mal sentia gente estranha,escondia-se debaixo dos móveis. Teria receio de ser molestado,o que, às vezes, acontecia. O papagaio tinha poiso na cozinha,mesmo junto à chaminé,ao lado do saco das borras. Era capaz,uma vez por outra,de condimentar os petiscos. Falava com a Dona Carminda. As galinhas ficavam na cave da chaminé. Mal se podiam mexer. Punham ovos sem casca. Havia,ainda,umas penduras,as melgas,de raça gigante. Deixavam marcas bem visíveis nos que lá viviam e lá passavam. Teriam alguma responsabilidade na tez rosada de Dona Carminda.

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