sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O INFERNO

Viera lá da sua terra distante,onde,se pode dizer,corria leite e mel,para se meter numa barraca,nem melhor, nem pior do que as muitas que havia por ali. Só de uma alma como a dele,que não cuidava dessas coisas de boa cama e de boa comida. Por ali andou uns largos anos,ajudando no que podia. Muito resistiu aquele corpo,que raramente se queixaria para não apoquentar a alma. Mas um dia,tiveram de intervir, se não ainda se finava lá o santo. O pobre corpo quase estava reduzido a pele e osso. Entre outras coisas,dava aulas às crianças lá do bairro. E uma delas descreveu-lhe,certa vez,o inferno. Devia ser assim como quando lá na barraca o pai se zangava com a mãe. Ia tudo raso. Ele,coitadito,ficava muito aflito,a um canto,tremendo de medo,esperando que o vendaval passasse.

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