sábado, 6 de fevereiro de 2010

DESABAFO

Era uma mulher de meia idade. Vinha muito carregada e tivera de vencer uma ladeira íngreme. Rica ocasião para descansar e ficar um bocado à conversa. Quando as coisas se proporcionam,não se pode calar uma pessoa que tem os seus problemas. E nada melhor do que um desconhecido,com ar de quem dali não vem mal ao mundo,para desabafar. Ela bem precisada estava,coitada. Com as vizinhas não podia,que eram todas umas invejosas. Que culpa tinha ela de possuir um filho que era um verdadeiro artista? Sim,que culpa tinha ela? Tem um grande jeito para a música. O chefe da banda faz-lhe ,porém,a vida negra,pois sabe que o meu filho vale mais do que ele. O que nos salva é o presidente da câmara que lhe reconhece as qualidades e que o proteje. Já lhe prometeu, até ,ajudá-lo a tirar um curso lá na cidade . Se eu fosse contar isto às minhas vizinhas,riam-se de mim. Não acreditavam e chamavam-me outra vez vaidosa. Mas isto é tudo inveja. Coitado também do presidente ,que não se livra dela. Há para aí gente que não gosta dele e dizem coisas. Invenções,é o que é. E invejas,também,é o que eu digo. Ficava muito agradecida por a ter escutado. Com a vizinhança,está proibido,caem-me logo em cima. Vivo para ali sozinha,à espera de que o meu filho chegue.

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