sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O PAGO

Naquela manhã,por sinal muito carrancuda,ele apareceu com uma cara muito sorridente. Nunca tinha ele sido visto assim. Também não era para menos. É que ele julgava ter feito uma grande
descoberta.
Já há tempos que ele andava a pensar numa coisa assaz intrigante relacionada com o acumular. Porque é que o acumular era um acumular sem destino? Porque não se chegava a um já basta?
Afinal,a coisa era simples,até uma criança,deixando lá as suas intermináveis brincadeiras, dava com a solução.
É que os antepassados,os tais da arrancada,coitados,não sabiam para onde se voltarem,por serem muitos os inimigos que os importunavam,as intempéries e os bichos maus. Para deles se livrarem, refugiavam-se em cavernas,não sabendo nunca por quanto tempo. Assim,vá de as atafulhar o mais que pudessem,se possível,feitas umas contas,até que fossem desta para melhor,quer dizer,onde não tivessem que fazer pela vida.
Muita coisa se estragaria,que ainda não havia o que apareceu depois,lá muito para diante,mas isso seria como que o pago de terem segura a vida por algum tempo.

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