quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

MISTÉRIOS DA VIDA

Num país lá muito longe,lá para o fim do mundo,viveram em tempos muito recuados,quase esquecidos,duas irmãs,que eram muito diferentes,mas só por fora,que, por dentro,pode dizer-se, eram a cópia uma da outra. Uma delas,era alta,de pele clara,forte,de olhos muito azuis,com grande trunfa muito loura. A outra,muito ao contrário,como já se disse,era baixinha,magrinha,de olhos muito negros,de cabeleira cortada à rapaz. Os narizes eram aduncos,lembrando aves de rapina.
Desde crianças,invejavam-se mutuamente,vá-se lá saber porquê. Talvez por isso,vestiam-nas de
vestidos iguais,davam-lhes bonecas e outros brinquedos iguais,e assim por diante. Lá foram crescendo,crescendo,sempre nesta igualdade,tinha de ser,se não era o diabo,e um dia,no mesmo dia,que elas assim exigiram,casaram. Neste sério passo,é que não foi possível a igualdade,vá-se lá saber,outra vez,porquê. Mistérios da vida. Mas a fortuna bafejara-as,há coisas assim,mais outro mistério. Os dois maridos eram de primeira apanha,cada um lá no seu género,mas do melhor,tanto por dentro,como por fora.
A vida das duas lá se foi desenrolando,mas sempre,sempre,na mesma igualdade,sobretudo no grande ter,naquele ter que se vê,mesmo à distância. O que uma apanhava,vinha outra logo a correr apanhar coisa igual,tinha de ser igual,se não era o diabo. Para não haver sarilhos,de que elas gostavam muito,mas era feio,não ficava bem,começaram a fabricar as coisas de que elas gostavam muito iguais,sem faltar nada.
Houve uma altura em que parecia ir haver paz,quer dizer, o diabólico sentimento de inveja tinha ido dar uma grande volta. Sucedera isso quando atingiram um certo cume,donde as duas,parecia-lhes,ter o vasto mundo ali a seus pés. Mas foi aquilo sol de pouca dura. Não tardou que a guerra voltasse de novo,como tinha sido antes,a sua natural forma de estar,de ser. E assim ficaram para sempre,um sempre com fim,que não havia nada a fazer.

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