Se eu soubesse,chorava ele grossas lágrimas,que um riacho faziam. Se eu soubesse. Mas porque nasci eu assim? Se calhar,se me tivessem perguntado,lá nos começos dos começos,era capaz de não enjeitar o que se me oferecia. Mas eu sabia lá, nessa altura,o que me esperava? A prenda era tão linda. Quem é que iria dizer não,e não,assim não quero? Fique para outro,coitado.
O azar que ele teve o de ter nascido rico. Nasceu e continuou,assim rico. Sendo assim,criou hábito de rico. Mas como se sabe,o hábito é uma segunda natureza,e a natureza é muito exigente,muito ciosa. E agora?
Olha, agora,não há nada a fazer. Ainda se te tivesse dado para distribuir o muito que tens,nem sabes o que tens,pelos pobrezinhos,ainda se dava um jeito,mas como não o fizeste,já sabes,ou devias saber,que o aviso era de acordar um morto. Não ligaste,pensavas que não era contigo,olha,agora,nem sei bem o que te vai suceder,que,às vezes,as ordens mudam. Mas até nova ordem,já sabes o que te espera,escuso de to dizer. Que grossa partida.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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