quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O AZAR

Se eu soubesse,chorava ele grossas lágrimas,que um riacho faziam. Se eu soubesse. Mas porque nasci eu assim? Se calhar,se me tivessem perguntado,lá nos começos dos começos,era capaz de não enjeitar o que se me oferecia. Mas eu sabia lá, nessa altura,o que me esperava? A prenda era tão linda. Quem é que iria dizer não,e não,assim não quero? Fique para outro,coitado.
O azar que ele teve o de ter nascido rico. Nasceu e continuou,assim rico. Sendo assim,criou hábito de rico. Mas como se sabe,o hábito é uma segunda natureza,e a natureza é muito exigente,muito ciosa. E agora?
Olha, agora,não há nada a fazer. Ainda se te tivesse dado para distribuir o muito que tens,nem sabes o que tens,pelos pobrezinhos,ainda se dava um jeito,mas como não o fizeste,já sabes,ou devias saber,que o aviso era de acordar um morto. Não ligaste,pensavas que não era contigo,olha,agora,nem sei bem o que te vai suceder,que,às vezes,as ordens mudam. Mas até nova ordem,já sabes o que te espera,escuso de to dizer. Que grossa partida.

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