A sorte dos burros. Estavam em vias de desaparecer,que os tempos já não estavam para burrices,e,de repente,veio-se a descobrir que o leite que os alimentava era assim como o melhor leite do mundo. Grandes burros eram eles,pois,maiores do que burros não eram.
O que eram,pois,as coisas. E entraram numa era que nenhum se lembrava de ter vivido,mesmo naqueles velhos tempos em que os burrinhos eram considerados quase da família. E foi um multiplicar de burros por tudo quanto era sítio,mesmo sítios onde nunca tinham entrado,por serem o que eram,por serem burros,que eles não podiam deixar de ser o que eram,nem eles,nem outros quaisquer,por mais burrices deixassem de fazer. O que eram,pois,as coisas. De repente,deixaram de ser,pode dizer-se,burros,para ser outra coisa,ainda que burros continuassem a ser,em boa verdade,pois não se podia deixar de ser o que se era.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
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