Aquilo tinha a sua graça. Não visitavam um museu,não entravam numa biblioteca,que um e outra deveriam ter doença ruim,daquela que se pegava,que vinha pelo ar que se respirava. Mas havia um sitio onde não podiam faltar um dia sequer,vistoriando-o mais de uma vez,de manhã,à tarde,e à noitinha. Esse sítio era,nada mais,nada menos,o supermercado,pois então,uma espécie de repositório de coisas sagradas.
Não havia prateleira que escapasse,não havia preço que não fosse registado,não havia fruta que não fosse apalpada,por vezes,até,quando era caso disso,experimentada. Paravam,avaliavam,comparavam,reflectiam,comentavam. A vida cada vez estava mais cara,não sabiam onde aquilo iria parar. Mas eles,felizmente,é que não paravam,que a vida,afinal,não estava assim tão mal como diziam,sobretudo quando comparada com a de tantos cantos do mundo,onde,aí,sim,é que as coisas estavam mesmo muito mal,tinham estado mesmo sempre assim muito mal,que era o que lhes valia,por já estarem bem acostumados a ela,a vida.
terça-feira, 30 de junho de 2009
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