sexta-feira, 1 de maio de 2009

FLOR NA LAPELA

Dois amigos encontraram-se, num encontro aí de uma meia hora, pois tinham alguma coisa para contar, já que se não viam há uns bons tempos. Estavam razoavelmente bem de saúde, graves problemas não os apoquentava, pelo que falaram de coisas sem importância de maior,de coisas triviais.
Um falou do tempo, do que acabara de ler,ou de ouvir,coisas por assim dizer do lado de fora. O outro,não,falou de coisas bem lá de dentro,de dentro dele,pois então, que doutras não cuidava. Falou de si,mas dum si longínquo,dum si que ele não havia meio de esquecer,dum si vitorioso. Não calculas,aquilo foi um achado,e ainda estou para saber como tal coisa me aconteceu,mas ainda bem que aconteceu comigo,que com outro não tinha graça nenhuma.
Era uma história já conhecida do outro,e de outros mais,também,certamente,que ele não podia deixar de contar,que era assim que ele se sentia feliz,uma felicidade só lá muito lá dele,os outros que a procurassem,talvez viessem a dar com ela. Enfim,assim ele vivia,nada o apoquentando,
embalado por um si vitorioso,que o revestia,um si feliz,que ele bem mostrava na sua carita rosada,nos seus olhinhos muito vivos,num sorriso permanente,como uma flor na lapela.

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