terça-feira, 31 de março de 2009
BATALHA HUMANA
"É lícito educar uma criança numa moral que já não tem curso - se é que o teve algum dia- e recomendar-lhe virtudes que só a tornarão mais fraca na batalha humana,num mundo onde a brutalidade e o egoísmo todos os dias conquistam terreno?
RAUL BRANDÃO
Memórias(Tomo II)
Vol.I
Edição José Carlos Seabra Pereira
Relógio D'Água
1999
RAUL BRANDÃO
Memórias(Tomo II)
Vol.I
Edição José Carlos Seabra Pereira
Relógio D'Água
1999
SOB A SOMBRA DA FRONDOSA FAIA
"Ainda nesta carta,lhes não falo da Inglaterra. A culpa é toda dela. Caso extraodinário; há já duas semanas que este grande e amado país não produz um acontecimento,um escândalo,um livro,um sistema filosófico,uma religião,uma máquina,um quadro,uma guerra ou um dito! Está nesse brando repouso a que se abandona sempre aos primeiros calores de Junho. Deixemo-la descansar reclinada sob a sombra da frondosa faia,nestes ócios que lhe faz a suprema liberdade na suprema força."
EÇA DE QUEIROZ
Cartas de Paris
Obras de Eça de Queiroz
Fixação do texto e notas de
Helena Cidade Moura
Edição "Livros do Brasil" Lisboa
2000
EÇA DE QUEIROZ
Cartas de Paris
Obras de Eça de Queiroz
Fixação do texto e notas de
Helena Cidade Moura
Edição "Livros do Brasil" Lisboa
2000
segunda-feira, 30 de março de 2009
CAPE DE VERD ISLANDS- CHARLES DARWIN
ST. JAGO-CAPE DE VERD ISLANDS.
JAN. 16TH, 1832.—The neighbourhood of Porto Praya, viewed from the sea, wears a desolate aspect. The volcanic fire of past ages, and the scorching heat of a tropical sun, have in most places rendered the soil sterile and unfit for vegetation. The country rises in successive steps of table land, interspersed with some truncate conical hills, and the horizon is bounded by an irregular chain of more lofty mountains. The scene, as beheld through the hazy atmosphere of this climate, is one of great interest; if, indeed, a person, fresh from the sea, and who has just walked, for the first time, in a grove of cocoa-nut trees, can be a judge of any thing but his own happiness. The island would generally be considered as very uninteresting; but to any one accustomed only to an English landscape, the novel...
From the Complete Work of Charles Darwin Online
JAN. 16TH, 1832.—The neighbourhood of Porto Praya, viewed from the sea, wears a desolate aspect. The volcanic fire of past ages, and the scorching heat of a tropical sun, have in most places rendered the soil sterile and unfit for vegetation. The country rises in successive steps of table land, interspersed with some truncate conical hills, and the horizon is bounded by an irregular chain of more lofty mountains. The scene, as beheld through the hazy atmosphere of this climate, is one of great interest; if, indeed, a person, fresh from the sea, and who has just walked, for the first time, in a grove of cocoa-nut trees, can be a judge of any thing but his own happiness. The island would generally be considered as very uninteresting; but to any one accustomed only to an English landscape, the novel...
From the Complete Work of Charles Darwin Online
domingo, 29 de março de 2009
ARCTIC SUMMER SEA ICE
GLOBAL WARMING: Arctic Summer Sea Ice Could Vanish Soon But Not Suddenly
Richard A. KerrScience 27 March 2009: 1655. Summary: After paring 23 climate models down to the best half-dozen, two researchers now say with new confidence that arctic summer ice will most likely disappear around 2037. But none of the select models predicts a tipping point--a sudden jump to an ice-free summer Arctic.
Richard A. KerrScience 27 March 2009: 1655. Summary: After paring 23 climate models down to the best half-dozen, two researchers now say with new confidence that arctic summer ice will most likely disappear around 2037. But none of the select models predicts a tipping point--a sudden jump to an ice-free summer Arctic.
sábado, 28 de março de 2009
sexta-feira, 27 de março de 2009
NÃO DISTINGUIRÁ
Sabe-se lá o que pensará DEUS dos homens. A atentar no que ELE lhes tem visto fazer,sempre a molestarem-se mutuamente,desde há milénios,desde os começos da arrancada humana,das mais diversas formas,não sendo a menos cruenta a de tirarem-se a vida,não pensará deles grande coisa,ou não distinguirá.
É muito bem capaz pensar deles como pensará de um qualquer,uma pedra,uma ervinha,um cão,uma mosca,uma sequoia,um fungo,um gato,uma bactéria,um macaco,um virus.
É muito bem capaz pensar deles como pensará de um qualquer,uma pedra,uma ervinha,um cão,uma mosca,uma sequoia,um fungo,um gato,uma bactéria,um macaco,um virus.
quinta-feira, 26 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
terça-feira, 24 de março de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
BATH ROYAL CRESCENT - REINO UNIDO
domingo, 22 de março de 2009
sábado, 21 de março de 2009
THE CITY AND THE MOUNTAINS
The City and the Mountains
Fiction
Written by David
Saturday, 08 November 2008
by Jose Eca De Queiros (New Directions, $15.95)
Jose Saramago called him the greatest of all Portugese writers; Zola thought that he was far better than Flaubert; Harold Bloom called him a writer of genius. Eca De Queiros was an incredibly gifted and prolific 19th Century writer who's not much seen on the shelves of bookstores today. But, with Margaret Jull Costa's new, acclaimed translations, this is soon to change. The City and the Mountains is a deceptively simple panegyric to simple country life written in brilliant prose.
http://mcnallyjackson.com/index.php/staff-picks/Page-10
Fiction
Written by David
Saturday, 08 November 2008
by Jose Eca De Queiros (New Directions, $15.95)
Jose Saramago called him the greatest of all Portugese writers; Zola thought that he was far better than Flaubert; Harold Bloom called him a writer of genius. Eca De Queiros was an incredibly gifted and prolific 19th Century writer who's not much seen on the shelves of bookstores today. But, with Margaret Jull Costa's new, acclaimed translations, this is soon to change. The City and the Mountains is a deceptively simple panegyric to simple country life written in brilliant prose.
http://mcnallyjackson.com/index.php/staff-picks/Page-10
sexta-feira, 20 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
INCONSTÂNCIA
Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu !
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava !
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...
E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...
FLORBELA ESPANCA
Sonetos
35ª Edição
Bertrand Editora
2005
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu !
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava !
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...
E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...
FLORBELA ESPANCA
Sonetos
35ª Edição
Bertrand Editora
2005
quarta-feira, 18 de março de 2009
terça-feira, 17 de março de 2009
segunda-feira, 16 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
UM VER SE TE AVIAS
Andavam por lá muto ralados,que o caso não era para menos. É que o que acontecera a um poderia vir acontecer a outros. Podia dizer-se que ninguém estaria livre de ser incomodado,a qualquer hora. Seria um ver se te avias.
Aviara-se,pois,um,invocando ter os seus interesses ameaçados,ainda que o não mostrasse claramente. Fora para os garantir que dera aquele muito sério passo. Mas era bem evidente que o dera,também, pela razão simples de ser ele o mais forte na altura. Sendo o mais forte,ou julgando-se sê-lo,tanto faz,poderia fazer aquilo que bem entendesse,na suposição de que ninguém se atreveria a contrariá-lo.
Se a moda pegasse,estariam bem arranjados alguns,sobretudo os mais fracos. Eram estes,de facto,os que andavam mais apoquentados,o que se compreende muito bem. Nem dormiam descansados,a pensar que seria de noite a investida.
Aviara-se,pois,um,invocando ter os seus interesses ameaçados,ainda que o não mostrasse claramente. Fora para os garantir que dera aquele muito sério passo. Mas era bem evidente que o dera,também, pela razão simples de ser ele o mais forte na altura. Sendo o mais forte,ou julgando-se sê-lo,tanto faz,poderia fazer aquilo que bem entendesse,na suposição de que ninguém se atreveria a contrariá-lo.
Se a moda pegasse,estariam bem arranjados alguns,sobretudo os mais fracos. Eram estes,de facto,os que andavam mais apoquentados,o que se compreende muito bem. Nem dormiam descansados,a pensar que seria de noite a investida.
sábado, 14 de março de 2009
JÁ VELHA
Não era para acreditar. Um sujeito tão avançado nos seus tempos de juventude,a partir de certa altura da sua vida,por obra de alguém que lhe fizera ver novas coisas. Pois esquecera tudo o que de novo aprendera,e de que muito se orgulhava,fazendo dele um arauto dessas coisas novas.
Esquecera novas,e ,pior do que isso,esquecera coisas não velhas,mas antigas,o que não é bem a mesma coisa,coisas que bem vividas,quase o teria dispensado de ter sido aluno de uma escola nova,que,de novo,pouca coisa tinha.
Até chegou ao ponto de desconsiderar,de desprezar figura nobre lá das suas bandas de origem. Era isso sinal evidente de que esquecera tudo,esquecera-se mesmo de si,para ser um outro. O que são as coisas quando os bolsos se começam a romper com o peso das moedas. Por meia dúzia delas se despem para envergar nova farpela,já velha.
Esquecera novas,e ,pior do que isso,esquecera coisas não velhas,mas antigas,o que não é bem a mesma coisa,coisas que bem vividas,quase o teria dispensado de ter sido aluno de uma escola nova,que,de novo,pouca coisa tinha.
Até chegou ao ponto de desconsiderar,de desprezar figura nobre lá das suas bandas de origem. Era isso sinal evidente de que esquecera tudo,esquecera-se mesmo de si,para ser um outro. O que são as coisas quando os bolsos se começam a romper com o peso das moedas. Por meia dúzia delas se despem para envergar nova farpela,já velha.
sexta-feira, 13 de março de 2009
SAGRADOS INTERESSES
Há gente assim,gente que só fazem aquilo que querem fazer,mas fazerem o que outros querem que eles façam,nem pensar nisso. Só por cima dos seus cadáveres,quer dizer,só à força.
Não queriam mais nada? E os nossos sagrados interesses? E mesmo que o não sejam,são os nossos,que muito podemos,ninguém tem nada com isso,pois então.
Mas olhem que os outros também têm os seus interesses,e dizem alguns que sagrados são também. E a nós que nos importa isso? É dos nossos,e só dos nossos, que temos de cuidar. Os outros que façam o mesmo,desde que não ponham em causa os nossos,senão,temos todo o direito de os acautelar.
Direito,não,mas força,sim,ouvir-se-á de vários cantos,como terá acontecido,repetidamente,sem emenda,desde os primórdios. Terão razão essas vozes,mas de nada lhes servirá,antes pelo contrário. É como uma sina,não ha nada a fazer.
Não queriam mais nada? E os nossos sagrados interesses? E mesmo que o não sejam,são os nossos,que muito podemos,ninguém tem nada com isso,pois então.
Mas olhem que os outros também têm os seus interesses,e dizem alguns que sagrados são também. E a nós que nos importa isso? É dos nossos,e só dos nossos, que temos de cuidar. Os outros que façam o mesmo,desde que não ponham em causa os nossos,senão,temos todo o direito de os acautelar.
Direito,não,mas força,sim,ouvir-se-á de vários cantos,como terá acontecido,repetidamente,sem emenda,desde os primórdios. Terão razão essas vozes,mas de nada lhes servirá,antes pelo contrário. É como uma sina,não ha nada a fazer.
quinta-feira, 12 de março de 2009
PACIÊNCIA
Vivia ele a pensar no fim do mês,esperando ansiosamente que ele chegasse. Os tempos mais vividos eram os últimos dias,muito em especial a véspera,que até lhe dava um certo gozo. Depois,vinha depressa a realidade. Ainda há pouco contava as notas e já quase nenhuma lhe restava. Uma parte para isto,outra para aquilo, e acabava por chegar sempre à mesma conclusão,que era a de estar ganhando pouco.
Se ele tivesse feito certas economias,talvez a angústia fosse menor,mas o diabo da sociedade de consumo em que ele estava metido até ao pescoço,e mesmo mais acima,não lhe deixava apreciável margem de manobra. As tentações eram múltiplas,estimuladas pela artimanha das prestações,até nas viagens ao estrangeiro,pois podia-se ir por esse vasto mundo quando lhe apetecesse,pagando,aos poucochinhos,durante um ano ou mais,tempo de muitas aflições,mas largamente compensadas pela satisfação que colhia sempre que narrava os pormenores das passeatas aos amigos,mas,sobretudo,aos "inimigos".
As viagens tinham,também,uma certa semelhança com a espera da próxima mesada. O melhor estava na sua preparação. Era a leitura da prosa de encantar lá dos folhetos,era a beleza inexcedível das imagens,era o passeio estimulante pelos mapas. Depois,depois,não fora bem assim que tinha imaginado,pois as visitas terminavam quando mal tinham começado,a comida deixara muito a desejar,alguns dos companheiros não tinham ponta por onde se lhes pegasse,enfim,uma seca,uma coisa para esquecer,tomara que aquilo acabasse,e depressa. Mas no ano seguinte,lá voltava a repetir,senão o que é que haviam de dizer lá no emprego,e não só? Tinha de ser,uma fatalidade.
O que lhe valia eram os subsídeos de férias e de fim do ano. Esperava por eles tal,ou mais,como nos finais dos meses. Passava também uns bons bocados quando da aproximação da taluda, mas era sempre sol de pouca dura,pois bem depressa levavam sumiço,uma desgraça. Não havia volta a dar-lhe. Paciência,era o que ele tinha de arranjar. Era a vida,que a uns corria às mil maravilhas,pelo menos era o que parecia,a outros era o que se via. Paciência.
Se ele tivesse feito certas economias,talvez a angústia fosse menor,mas o diabo da sociedade de consumo em que ele estava metido até ao pescoço,e mesmo mais acima,não lhe deixava apreciável margem de manobra. As tentações eram múltiplas,estimuladas pela artimanha das prestações,até nas viagens ao estrangeiro,pois podia-se ir por esse vasto mundo quando lhe apetecesse,pagando,aos poucochinhos,durante um ano ou mais,tempo de muitas aflições,mas largamente compensadas pela satisfação que colhia sempre que narrava os pormenores das passeatas aos amigos,mas,sobretudo,aos "inimigos".
As viagens tinham,também,uma certa semelhança com a espera da próxima mesada. O melhor estava na sua preparação. Era a leitura da prosa de encantar lá dos folhetos,era a beleza inexcedível das imagens,era o passeio estimulante pelos mapas. Depois,depois,não fora bem assim que tinha imaginado,pois as visitas terminavam quando mal tinham começado,a comida deixara muito a desejar,alguns dos companheiros não tinham ponta por onde se lhes pegasse,enfim,uma seca,uma coisa para esquecer,tomara que aquilo acabasse,e depressa. Mas no ano seguinte,lá voltava a repetir,senão o que é que haviam de dizer lá no emprego,e não só? Tinha de ser,uma fatalidade.
O que lhe valia eram os subsídeos de férias e de fim do ano. Esperava por eles tal,ou mais,como nos finais dos meses. Passava também uns bons bocados quando da aproximação da taluda, mas era sempre sol de pouca dura,pois bem depressa levavam sumiço,uma desgraça. Não havia volta a dar-lhe. Paciência,era o que ele tinha de arranjar. Era a vida,que a uns corria às mil maravilhas,pelo menos era o que parecia,a outros era o que se via. Paciência.
quarta-feira, 11 de março de 2009
MUDAS DE ROUPA
É um ver se te avias,e o mais depressa,que amanhã a loja pode estar fechada. Não é isto de admirar quando a casa dele é o que se vê,uma casa pobre. Agora,quando a casa já se encontra cheia,então,sim,é que é de abrir a boca de espanto,ou talvez não,que isto de encher tem muito que se lhe diga.
Mas ele não se atrapalha,pleno de experiência,vivida ou sonhada,tanto faz,que ele está. Compra outra ao lado,ou um bocado afastada,ou mesmo lá longe,que é mais divertido. E,de vez em quando,vai até lá,sobretudo à que está lá para longe,e sem ter que levar mala,pois tem lá uma caterva de mudas de roupa.
Mas ele não se atrapalha,pleno de experiência,vivida ou sonhada,tanto faz,que ele está. Compra outra ao lado,ou um bocado afastada,ou mesmo lá longe,que é mais divertido. E,de vez em quando,vai até lá,sobretudo à que está lá para longe,e sem ter que levar mala,pois tem lá uma caterva de mudas de roupa.
UM BOM CASAMENTO
Aquelas cenas intrigavam. Semanas,meses,anos,suspenso das chaves do totobola,e não só. Todo ele era uma ânsia desmedida,uma teimosia interminável,de muito pasmar.
É que ele não era um qualquer,a pensar no fim do mês,sempre encalacrado,não senhor. Teres e haveres não lhe faltavam,era o que corria. Porquê,portanto,aquele teimar sem termo?
E um dia,chega sempre um dia,o estranho caso teve o seu esclarecimento. É que toda a sua fortuna chegara-lhe por via da mulher. Ele tinha feito,simplesmente,um bom casamento,o que lhe era lembrado,demasiadas vezes,pela mulher.
E ele,coitado,teria de concordar. O que teria ele de fazer para equilibrar balança tão desiquilibrada? Jeito para negócios era coisa que nunca tivera,lá no emprego não podia ir muito longe,assaltar a casa do vizinho,nem pensar,então,só havia uma saida,o totobola,ou coisa parecida. E era um insistir que metia dó.
É que ele não era um qualquer,a pensar no fim do mês,sempre encalacrado,não senhor. Teres e haveres não lhe faltavam,era o que corria. Porquê,portanto,aquele teimar sem termo?
E um dia,chega sempre um dia,o estranho caso teve o seu esclarecimento. É que toda a sua fortuna chegara-lhe por via da mulher. Ele tinha feito,simplesmente,um bom casamento,o que lhe era lembrado,demasiadas vezes,pela mulher.
E ele,coitado,teria de concordar. O que teria ele de fazer para equilibrar balança tão desiquilibrada? Jeito para negócios era coisa que nunca tivera,lá no emprego não podia ir muito longe,assaltar a casa do vizinho,nem pensar,então,só havia uma saida,o totobola,ou coisa parecida. E era um insistir que metia dó.
terça-feira, 10 de março de 2009
NÚMERO DE TÍTULOS DE AUTORES PORTUGUESES NAS BIBLIOTECAS DAS UNIVERSIDADES DE HARVARD AND YALE(EUA)
António Boto 25 e 17
Camilo Pessanha 14 e 15
David Mourão-Ferreira 52 e 45
Florbela Espanca 19 e 22
João de Deus 20 e 4
José Gomes Ferreira 23 e 28
Mário de Sá-Carneiro 41 e 46
Ruy Belo 12 e 17
Ruy Cinatti 17 e 14
Sebastião da Gama 12 e 2
Camilo Pessanha 14 e 15
David Mourão-Ferreira 52 e 45
Florbela Espanca 19 e 22
João de Deus 20 e 4
José Gomes Ferreira 23 e 28
Mário de Sá-Carneiro 41 e 46
Ruy Belo 12 e 17
Ruy Cinatti 17 e 14
Sebastião da Gama 12 e 2
O ABISMO
Há quem já nasça talhado para o abismo. Ainda que este more longe,por mais que façam para dele escapar,acabam por dele se abeirar. Depois,é só uma ligeira vertigem,um empurrãozinho,e já está,lá vão parar às profundezas.
É que o abismo tem artes. Conhece bem essa gente e é só manobrá-la. Nem dão conta,coitados deles. Envolve-os de teias de aranha,de muita tralha,de muita poeira. Assim,bem envolvidos,é tarefa para um qualquer,uma criança mesmo. Basta apenas o tal empurrãozinho.
Com muito esforço,ao longo de anos,lá conseguem,um dia,sair dele. Parece virem mudados. Dizem que ficaram fartos daquele abismo,que nunca mais lá os apanham. Fazem,até,uma grande festa para comemorar a libertação. Lançam foguetes,armam fogo de artifício,discursam floreadamente. E repetem muitas vezes que nunca mais lá os apanham,naquela escuridão.
Mas soa tudo isso a falso,descontada uma ou outra excepção. Com o tempo,vão-se escapando,aqui e ali,notas dissonantes,a lembrar o passado triste,amargurado. Essas notas,afinal,vêm para ficar, e são a valer. Entram em larga circulação,instalam-se,sem apelo ,nem
agravo,e volta-se,mais uma vez,a mergulhar no abismo,alguns,até,muito alegremente.
É que o abismo tem artes. Conhece bem essa gente e é só manobrá-la. Nem dão conta,coitados deles. Envolve-os de teias de aranha,de muita tralha,de muita poeira. Assim,bem envolvidos,é tarefa para um qualquer,uma criança mesmo. Basta apenas o tal empurrãozinho.
Com muito esforço,ao longo de anos,lá conseguem,um dia,sair dele. Parece virem mudados. Dizem que ficaram fartos daquele abismo,que nunca mais lá os apanham. Fazem,até,uma grande festa para comemorar a libertação. Lançam foguetes,armam fogo de artifício,discursam floreadamente. E repetem muitas vezes que nunca mais lá os apanham,naquela escuridão.
Mas soa tudo isso a falso,descontada uma ou outra excepção. Com o tempo,vão-se escapando,aqui e ali,notas dissonantes,a lembrar o passado triste,amargurado. Essas notas,afinal,vêm para ficar, e são a valer. Entram em larga circulação,instalam-se,sem apelo ,nem
agravo,e volta-se,mais uma vez,a mergulhar no abismo,alguns,até,muito alegremente.
segunda-feira, 9 de março de 2009
O SEU SOL
O paizinho bem a chamava,mas ela não estava nada interessada em deixar o namorado. A mãezinha,talvez por a conhecer melhor,metera-se no carro,que aquilo estava para durar. Era a filha uma menina aí de uns onze,doze anos,mas com cara de mais crescidinha.
Ela cada vez se distanciava mais,na companhia do mais que tudo. O paizinho não teve outro remédio senão ir lá buscá-la. Ela lá veio,como que arrastada,olhando,perdidamente,para trás,para o seu Sol.
O paizinho entrou no carro,mas ela ficou ali de pé,a ver o seu menino desaparecer lá longe. Ainda fez menção de correr atrás dele,mas acabou por desistir,talvez pensando que já estava a ultrapassar os limites.
O paizinho era um homem forte,aí de uns quarenta,pelo que o mocinho deve ter achado que o melhor era pôr-se a salvo,debandando. A mocinha estava certa,e no outro dia, lá a teria na escola,na rua,onde calhasse, sem os paizinhos a contrariar.
Ah,estas meninas crescidinhas,ah,estas telenovelas que lhes põem as cabecinhas a imaginar coisas.
Ela cada vez se distanciava mais,na companhia do mais que tudo. O paizinho não teve outro remédio senão ir lá buscá-la. Ela lá veio,como que arrastada,olhando,perdidamente,para trás,para o seu Sol.
O paizinho entrou no carro,mas ela ficou ali de pé,a ver o seu menino desaparecer lá longe. Ainda fez menção de correr atrás dele,mas acabou por desistir,talvez pensando que já estava a ultrapassar os limites.
O paizinho era um homem forte,aí de uns quarenta,pelo que o mocinho deve ter achado que o melhor era pôr-se a salvo,debandando. A mocinha estava certa,e no outro dia, lá a teria na escola,na rua,onde calhasse, sem os paizinhos a contrariar.
Ah,estas meninas crescidinhas,ah,estas telenovelas que lhes põem as cabecinhas a imaginar coisas.
domingo, 8 de março de 2009
UM CERTO SINAL
Desenhando curvas harmoniosas,o rio ia-se aproximando do seu termo. Parecia um rio de paz,mas quanto enganava ele. É que as suas águas escondiam nas profundezas restos de muita tormenta,prontos para serem alguém. Só esperavam um certo sinal para o mostrarem.
Cada um sabe de si,e aquele rio não fugia à regra. E ele lá sabia porque corria,naquela altura,tão plàcidamente. Não é com vinagre que se apanham moscas,e ele jurara,solenemente,que havia de comer muitas,quaisquer que fossem o seu tamanho e estado,mosquinhas vivas,mosquinhas mortas,moscas adultas,moscardos e outros que tais.
Não era nada esquisito aquele rio. Tudo quanto viesse à rede era peixe. Nada de desperdiçar,que não se sabe como será o dia de amanhã. O seguro morreu de velho.
O que aquela harmonia,aquela paz escondiam. Só visto,como se havia de ver quando chegasse a hora. Tinha de ter paciência,conter-se. Ela havia de chegar.
Cada um sabe de si,e aquele rio não fugia à regra. E ele lá sabia porque corria,naquela altura,tão plàcidamente. Não é com vinagre que se apanham moscas,e ele jurara,solenemente,que havia de comer muitas,quaisquer que fossem o seu tamanho e estado,mosquinhas vivas,mosquinhas mortas,moscas adultas,moscardos e outros que tais.
Não era nada esquisito aquele rio. Tudo quanto viesse à rede era peixe. Nada de desperdiçar,que não se sabe como será o dia de amanhã. O seguro morreu de velho.
O que aquela harmonia,aquela paz escondiam. Só visto,como se havia de ver quando chegasse a hora. Tinha de ter paciência,conter-se. Ela havia de chegar.
sábado, 7 de março de 2009
UM SACO COM NOTÍCIAS
Aquilo até parecia uma competição. Era ver aquele que mais voltas conseguia dar,talvez na intenção de tal feito ficar assinalado para a posteridade. Haveria um outro propósito,o de revigorar o físico,já um tanto gasto na luta da vida,de modo a poder chegar aos cem,ou mais.
Mas havia um que dava mais ns vistas,de boné de pala vermelha,à Benfica. Não olhava para os lados,não reparava no que se passava à sua volta,só atento na meta. Sempre ligeiramente inclinado para a frente,a cortar melhor o ar,de passada decidida,teimosa,não largava de uma das mãos um saco com notícias. Umas vezes,calhava a direita,outras,a esquerda,vá-se lá saber porquê.
Haveria quem pensasse ser aquela uma muito má companhia. Mas isso seria lá com ele. É que parte do bem que o exercício lhe traria teria sido em vão,lá por coisas. Seria como ter dado um passo em frente e dois para trás. Houve,até,vontade de intervir. Mas não teria valido a pena,pois, com a idade que ele aparentava,ele é que sabia. Seria o abelhudo corrido.
Mas havia um que dava mais ns vistas,de boné de pala vermelha,à Benfica. Não olhava para os lados,não reparava no que se passava à sua volta,só atento na meta. Sempre ligeiramente inclinado para a frente,a cortar melhor o ar,de passada decidida,teimosa,não largava de uma das mãos um saco com notícias. Umas vezes,calhava a direita,outras,a esquerda,vá-se lá saber porquê.
Haveria quem pensasse ser aquela uma muito má companhia. Mas isso seria lá com ele. É que parte do bem que o exercício lhe traria teria sido em vão,lá por coisas. Seria como ter dado um passo em frente e dois para trás. Houve,até,vontade de intervir. Mas não teria valido a pena,pois, com a idade que ele aparentava,ele é que sabia. Seria o abelhudo corrido.
sexta-feira, 6 de março de 2009
EÇA EM NEWCASTLE-ON-TYNE
Imagine V. uma cidade de tijolo negro, meio afogada em lama, com uma espessa atmosfera de fumo, penetrada de um frio húmido, habitada por 150 000 operários descontentes, mal pagos e azedados e por 50 000 patrões lúgubres e horrivelmente ricos - eis Newcastle-on-Tyne. On Tyne - este rabinho que tem o nome da cidade, dá-lhe um ar ridículo que me consola!Carta a Ramalho Ortigão, 1 Fev. 1875
http://purl.pt/93/1/iconografia/imagens/je76/je76_p592.html
BIBLIOTECA NACIONAL
http://purl.pt/93/1/iconografia/imagens/je76/je76_p592.html
BIBLIOTECA NACIONAL
MONET TO PICASSO : THE BATLINER COLLECTION THE PERMANENT COLLECTION OF ALBERTINA
24 December 2008 - 15 May 2009
With its 500 works of classical modern art, the Batliner Collection is one of the largest and most important private collections in Europe. The collection came to the Albertina as a permanent loan in 2007.
Some 100 works now displayed in a permanent exhibition trace the historical progression from Impressionism to Modernism. The artists range from the French masters Claude Monet, Edgar Degas and Paul Cézanne, to Pablo Picasso, represented by late works, and the Abstract Expressionists Mark Rothko and Sam Francis.
The Batliner Collection is augmented by works from the Forberg Collection in Switzerland, which was also transferred to the Albertina on permanent loan.
More...
http://www.123-cams.com/live-webcam.php?var=1101&site=http://www.magwien.gv.at/english/webcam/burgtheater.htm
After URL,first English,second,Gerhard Richter,third,current
With its 500 works of classical modern art, the Batliner Collection is one of the largest and most important private collections in Europe. The collection came to the Albertina as a permanent loan in 2007.
Some 100 works now displayed in a permanent exhibition trace the historical progression from Impressionism to Modernism. The artists range from the French masters Claude Monet, Edgar Degas and Paul Cézanne, to Pablo Picasso, represented by late works, and the Abstract Expressionists Mark Rothko and Sam Francis.
The Batliner Collection is augmented by works from the Forberg Collection in Switzerland, which was also transferred to the Albertina on permanent loan.
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SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOIRA
(...)Macário estava então na plenitude do amor e da alegria.Via o fim da sua vida preenchido, completo, radioso. Estava quase sempre em casa da noiva, e um dia andava-a acompanhando, em compras, pelas lojas. Ele mesmo lhe quisera fazer um pequeno presente, nesse dia. A mãe tinha ficado numa modista (1), num primeiro andar da Rua do Ouro, e eles tinham descido, alegremente, rindo, a um ourives que havia em baixo, no mesmo prédio, na loja.O dia estava de Inverno, claro, fino, frio, com um grande céu azul-ferrete, profundo, luminoso, consolador.- Que bonito dia! - disse Macário.E com a noiva pelo braço, caminhou um pouco, ao comprido do passeio.- Está! - disse ela. - Mas podem reparar, nós sós...- Deixa, está tão bom...- Não, não.E Luísa arrastou-o brandamente para a loja do ourives.Estava apenas um caixeiro, trigueiro(2), de cabelo hirsuto (3).Macário disse-lhe:- Queria ver anéis.- Com pedras - disse Luísa - e o mais bonito.- Sim, com pedras - disse Macário. - Ametista, granada. Enfim, o melhor.E, no entanto, Luísa ia examinando as montras forradas de veludo azul, ondereluziam as grossas pulseiras cravejadas, os grilhões, os colares de camafeus (4), os anéis de armas, as finas alianças, frágeis como o amor, e toda a cintilação da pesada ourivesaria.- Vê, Luísa - disse Macário.O caixeiro tinha estendido, na outra extremidade do balcão, em cima do vidro da montra, um reluzente espalhado de anéis de ouro, de pedras, lavrados, esmaltados; e Luísa, tomando-os e deixando-os com as pontas dos dedos, ia-os correndo e dizendo:- É feio. É pesado. É largo.- Vê este - disse-lhe Macário.Era um anel de pequenas pérolas.- É bonito - disse ela. - É lindo!- Deixa ver se serve - disse Macário.E tomando-lhe a mão, meteu-lhe o anel devagarinho, docemente, no dedo, e ela ria, com os seus brancos dentinhos finos, todos esmaltados.- É muito largo - disse Macário. - Que pena !- Aperta-se, querendo. Deixe a medida. Tem-no pronto amanhã.- Boa ideia - disse Macário - sim senhor. Porque é muito bonito. Não é verdade? As pérolas muito iguais, muito claras. Muito bonito! E estes brincos? - acrescentou, indo ao fim do balcão, a outra montra. - Estes brincos com uma concha?- Dez moedas - disse o caixeiro.E, no entanto, Luísa continuava examinando os anéis, experimentando-os em todos os dedos, revolvendo aquela delicada montra, cintilante e preciosa.Mas, de repente, o caixeiro fez-se muito pálido, e afirmou-se em Luísa, passando vagarosamente a mão pela cara.- Bem - disse Macário, aproximando-se - então amanhã temos o anel pronto. A que horas?0 caixeiro não respondeu e começou a olhar fixamente para Macário.- A que horas?- Ao meio-dia.- Bem, adeus - disse Macário. E iam sair. Luísa trazia um vestido de lã azul, que arrastava um pouco, dando uma ondulação melodiosa ao seu passo, e as suas mãos pequeninas estavam escondidas num regalo(5) branco.- Perdão! - disse de repente o caixeiro.Macário voltou-se.- 0 senhor não pagou.Macário olhou para ele gravemente.- Está claro que não. Amanhã venho buscar o anel, pago amanhã.- Perdão! - disse o caixeiro. - Mas o outro...- Qual outro? - disse Macário com uma voz surpreendida, adiantando-se para o balcão.- Essa senhora sabe – disse o caixeiro. - Essa senhora sabe.Macário tirou a carteira lentamente...
Um conto de Eça de Queirós
http://cvc.instituto-camoes.pt/contomes/02/
Um conto de Eça de Queirós
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JOSÉ MATIAS
Linda tarde, meu amigo!... Estou esperando o enterro do José Matias - do José Matias de Albuquerque, sobrinho do Visconde de Garmilde... O meu amigo certamente o conheceu - um rapaz airoso, louro como uma espiga, com um bigode crespo de paladino sobre uma boca indecisa de contemplativo, destro cavaleiro, duma elegância sóbria e fina. E espírito curioso, muito afeiçoado às idéias gerais, tão penetrante que compreendeu a minha Defesa da Filosofia Hegeliana! Esta imagem do José Matias data de 1865: porque a derradeira vez que o encontrei, numa tarde agreste de Janeiro, metido num portal da Rua de S. Bento, tiritava dentro duma quinzena cor de mel, roída nos cotovelos, e cheirava abominavelmente a aguardente...
Um conto de Eça de Queirós
http://pt.wikisource.org/wiki/José_Matias
Um conto de Eça de Queirós
http://pt.wikisource.org/wiki/José_Matias
THE AGE OF REMBRANDT
4 March 2009 - 21 June 2009
The exhibition The Age of Rembrandt assembles 150 works by some 70 artists from the Albertina Museum’s 17th century Netherlandish holdings, including Hendrick Goltzius, Rembrandt van Rijn, Aert van der Neer, Aelbert Cuyp, and Adriaen van Ostade. The unique selection is completed by some 40 oil paintings from various other collections and museums. Rembrandt, in his technical and thematic versatility, presents himself as an outstanding crystallisation point.
http://www.123-cams.com/live-webcam.php?var=1101&site=http://www.magwien.gv.at/english/webcam/burgtheater.htm
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The exhibition The Age of Rembrandt assembles 150 works by some 70 artists from the Albertina Museum’s 17th century Netherlandish holdings, including Hendrick Goltzius, Rembrandt van Rijn, Aert van der Neer, Aelbert Cuyp, and Adriaen van Ostade. The unique selection is completed by some 40 oil paintings from various other collections and museums. Rembrandt, in his technical and thematic versatility, presents himself as an outstanding crystallisation point.
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I FÓRUM MUNDIAL CIÊNCIA E DEMOCRACIA
QUESTIONAMENTOS E DIRETRIZES ORIUNDOS DO I FÓRUM MUNDIAL CIÊNCIA E DEMOCRACIA - BELÉM 26/1-1/2/2009
Preâmbulo
O presente texto é o resultado inicial do I Fórum Mundial Ciência e Democracia
realizado em Belém de 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009. Foi elaborado e subscrito por participantes de 18 países em 4 continentes. Ele dá início a um processo amplo e inclusivo tendo por objetivo construir uma rede internacional de movimentos, organizações e indivíduos que compartilham questionamentos a respeito da ciência, da tecnologia, e de outras formas de conhecimento, à luz dos interesses sociais e democráticos...
http://lablogatorios.com.br/geofagos
Preâmbulo
O presente texto é o resultado inicial do I Fórum Mundial Ciência e Democracia
realizado em Belém de 26 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009. Foi elaborado e subscrito por participantes de 18 países em 4 continentes. Ele dá início a um processo amplo e inclusivo tendo por objetivo construir uma rede internacional de movimentos, organizações e indivíduos que compartilham questionamentos a respeito da ciência, da tecnologia, e de outras formas de conhecimento, à luz dos interesses sociais e democráticos...
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THE TRAVELS OF MENDES PINTO
Autor: Pinto,Fernão Mendes,d.1583.
Title:The Travels of Mendes Pinto/ Fernão Mendes Pinto,edited and translated by Rebeca D.Catz.
Published: Chicago: University of Chicago Press,1989.
In Yale University Library(USA)
Title:The Travels of Mendes Pinto/ Fernão Mendes Pinto,edited and translated by Rebeca D.Catz.
Published: Chicago: University of Chicago Press,1989.
In Yale University Library(USA)
"SUPER-HOMEM"
Não admitindo um Criador de TUDO ISTO que vai por aí,por esses espaços infinitos,ou não,por esses imensos espaços,então, TUDO ISTO é coisa espontânea,de mero acaso,obra e graça de não se sabe de quem ou de quê.
Quer dizer que TUDO ISTO é,de algum modo,coisa imprevista,tendo saído assim,como poderia ter saído assado. Quer dizer que as coisas estão cá,como poderiam não estar. Quer dizer que cada um é o que tinha de ser,não tendo posto,à semelhança do que aconteceria se Criador houvesse,
na sua construção,prego ou estopa,quer dizer que não fora para ali chamado.
Sendo assim,porquê,então,quer sem Criador,quer com ELE,tanta vaidade,tanta presunção,
tanta importância,tanta grandeza,tanto orgullho,tanto olhar de cima,tanto desprezo? Porquê o Super-Homem,de Nietzsche,ou de um outro qualquer? De onde vem,pois, ao Homem,qualquer homem ou mulher,a pretensão de ser Super? Ele, POBRE HOMEM,que está cá,não se tendo cá posto.
Faz tudo isto lembrar um roubo descarado. Arrogar-se um ser Super,se o Homem é o que é,um ser como um outro qualquer,na perspectiva de que está cá,não por si,mas por força de uma FORÇA que lhe é inteiramente alheia.
O que aí atrás ficou é obra do TIO JOAQUIM,do TIO JOAQUIM,que,às vezes,nos últimos
tempos,lhe dá para coisas destas. Deve-se aplicar-lhe o devido desconto,alargado,bem entendido,a arrasoados de similar teor de outros TIOS.
Quer dizer que TUDO ISTO é,de algum modo,coisa imprevista,tendo saído assim,como poderia ter saído assado. Quer dizer que as coisas estão cá,como poderiam não estar. Quer dizer que cada um é o que tinha de ser,não tendo posto,à semelhança do que aconteceria se Criador houvesse,
na sua construção,prego ou estopa,quer dizer que não fora para ali chamado.
Sendo assim,porquê,então,quer sem Criador,quer com ELE,tanta vaidade,tanta presunção,
tanta importância,tanta grandeza,tanto orgullho,tanto olhar de cima,tanto desprezo? Porquê o Super-Homem,de Nietzsche,ou de um outro qualquer? De onde vem,pois, ao Homem,qualquer homem ou mulher,a pretensão de ser Super? Ele, POBRE HOMEM,que está cá,não se tendo cá posto.
Faz tudo isto lembrar um roubo descarado. Arrogar-se um ser Super,se o Homem é o que é,um ser como um outro qualquer,na perspectiva de que está cá,não por si,mas por força de uma FORÇA que lhe é inteiramente alheia.
O que aí atrás ficou é obra do TIO JOAQUIM,do TIO JOAQUIM,que,às vezes,nos últimos
tempos,lhe dá para coisas destas. Deve-se aplicar-lhe o devido desconto,alargado,bem entendido,a arrasoados de similar teor de outros TIOS.
quinta-feira, 5 de março de 2009
ZERO À ESQUERDA
Por detrás de um zero que se usava,há muitos,muitos anos, para definir o desempenho de alguém, estava sempre outrem. Mas,para que não houvesse dúvidas,tinha-se o cuidado de indicar ser ele à esquerda.
COMBUSTÍVEL A PARTIR DE ANIDRIDO CARBÓNICO
Três vias,pelo menos.
1. Scientists use sun light to make fuel from CO2(Sandia National Laboratories in New Mexico).
1. Scientists use sun light to make fuel from CO2(Sandia National Laboratories in New Mexico).
http://www.wired.com/science/discoveries/news/2008/01/S2P
2. Yale Environment 360 Scientists using nanotubes at Pennsylvania State University have succeeded in creating natural gas from CO2,water and sunlight.
http://e360.yale.edu/content/digest.msp?id=1750
3. Geneticist Craig Venter wants to create fuel from CO2.
http://treehugger.com/files/2008/02/craig-venter-fuel-co2-ted-conference.php
POBRES ACHEGAS
Estava ali gente capaz, não havia dúvida. E pensa-se,às vezes,que está tudo perdido,que não há ponta por onde se lhe pegue,e de repente,como por magia,irrompe uma iniciativa de respeito,com cara de abalar meio mundo. Basta,em certos casos,apenas um pequeno esforço para as torneiras começarem a debitar coisa que se veja. E quase sem se dar por isso,um grande lago forma-se de míseros regatos. E uma árvore que parecia morta desata a verdejar e um canto que se mostrava estéril entra em desfazer-se em riqueza.
Milagre não foi. Milagre já tinha sido. As coisas acontecem não por acaso mas porque são preparadas,incitadas a darem-se. Havia um embrião prévio. E esse é que é o verdadeiro milagre. Tudo o resto são pobres achegas para ele se desenvolver como pedem as suas virtualidades de se ficar pasmado por tanta riqueza a haver.
Milagre não foi. Milagre já tinha sido. As coisas acontecem não por acaso mas porque são preparadas,incitadas a darem-se. Havia um embrião prévio. E esse é que é o verdadeiro milagre. Tudo o resto são pobres achegas para ele se desenvolver como pedem as suas virtualidades de se ficar pasmado por tanta riqueza a haver.
DROUGHT IN AUSTRALIA
"Australia's severe drought is being driven by temperature fluctuations in the Indian Ocean,scientists have found".
ABCNews Feb 5,2009
http://www.abc.net.au/news/stories/2009/02/05/2482667.htm
ABCNews Feb 5,2009
http://www.abc.net.au/news/stories/2009/02/05/2482667.htm
quarta-feira, 4 de março de 2009
DUAS OBRAS DE GIL VICENTE NA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DE HARVARD(EUA)
1 - Author:Vicente,Gil,ca.1470-ca.1536.
Title:Auto de la sibila Casandra. English
Title:The Sibyl Cassandra:a Christmas play with the insanity and sanctity of five
centuries past/Gil Vicente:introduction and translation by Cheril Folkins McGinniss.
Published:Lanham,Md.:University Press of America,c2000.
2 - Title:Plays. Selections
Title:Three discovery plays/Gil Vicente:edited and translated by Anthony Lappin.
Published:Warminster,England:Aris&Phillips,c1997.
Contents:Auto da barca do inferno--Exortação da guerra--Auto da Índia.
Title:Auto de la sibila Casandra. English
Title:The Sibyl Cassandra:a Christmas play with the insanity and sanctity of five
centuries past/Gil Vicente:introduction and translation by Cheril Folkins McGinniss.
Published:Lanham,Md.:University Press of America,c2000.
2 - Title:Plays. Selections
Title:Three discovery plays/Gil Vicente:edited and translated by Anthony Lappin.
Published:Warminster,England:Aris&Phillips,c1997.
Contents:Auto da barca do inferno--Exortação da guerra--Auto da Índia.
À ESQUINA
A viagem pode ser longa. Assim,fazia jeito arranjar uns passatempos para os ócios,pelo menos. Eram vários esses passatempos,pois vários eram os gostos de cada um. Mas havia um muito procurado e que era o coleccionar. Muita coisa se coleccionava,efectivamente,algumas que não lembraria ao diabo. Ele eram tampas de caixas de fósforo,ele eram botões,ele eram bonecos,ele eram bonecas,ele eram copos,ele eram jóias,ele eram imagens,ele eram anedotas,enfim,o chamado bricabraque. Também era muito popular o coleccionar histórias de pessoas,sobretudo,de personalidades. Aqui,nas personalidades,esmeravam-se. Pode dizer-se que não havia gesto delas,por mais insignificante,que não fosse registado,contado e recontado. Chegava-se a competir,para ver quem reunia o maior número desses gestos. Enfim,a chamada bisbilhotice,ou também conversa de café,ou de chá,tanto faz,ou à esquina.
À ESPERA
"Estas pinceladas são uma parte de mim:rastos de alguns passos,ecos de batidelas de coração,
farrapos de toscas reacções a quadros da vida. Dei-as como quem quer ocupar tempo,à espera de um tempo que há-de vir. Não as destrtuí,na esperança de recuperar parte do passado."
Em algures por aí.
farrapos de toscas reacções a quadros da vida. Dei-as como quem quer ocupar tempo,à espera de um tempo que há-de vir. Não as destrtuí,na esperança de recuperar parte do passado."
Em algures por aí.
terça-feira, 3 de março de 2009
"THE INTESTINES OF EARTH"
"...Earthworms along with soil micro-organisms degrade the organic waste materials and thus help in increasing soil fertility. Aristotle called earthworms "The intestines of earth",and considered them as agents to restore fertility...."
Tuesday,March,2009
http://megapib.nic.in/fertilizer_orgfert.htm
Tuesday,March,2009
http://megapib.nic.in/fertilizer_orgfert.htm
BIODEGRADABLE PLASTIC BAGS
PLÁSTICOS BIODEGRADÁVEIS
Já estão aí,em força,saquinhos,e não só,nalguns países. Têm vantagens evidentes,a pensar,sobretudo,nas implicações ambientais. Trazem,porém,consigo, preocupações de vulto,a pensar,sobretudo,em bens alimentares,na sua disponibilidade e no seu preço. É que,para já,é o amido do milho,da batata,a sua fonte.
Da Web: em português,inglês...
Da Web: em português,inglês...
PREÇO DE SALDO
Nunca é tarde. Pois ali estava a demonstrá-lo um alegre conjunto em que predominavam os mais de setenta. Era a sua última refeição em comum,depois de duas semanas no Algarve,instalados em hotel de luxo,fazendo coisas jamais sonhadas. Fora muito bom terem-se lembrado dos "velhinhos",pois então,tanto mais por um preço de saldo. Só se fossem patetas é que eles recusariam uma pechincha daquelas,e isso é que eles não eram.
Estavam, naquela altura, atravancando mesas de almoçar. Calhou ficar-se ao lado de um dos contemplados. Em frente,sentava-se a esposa,mais convivente. Mostravam-se eufóricos e agradecidos. Não mais o esquecerei,não a benesse,bem entendido,mas ele. Terá sempre o meu voto. Vejam lá que foi a primeira vez que entrei num casino. Pois gostei muito,até dancei. O meu marido é que não,que não é dessas coisas. Na praia,até vesti um fato de banho,o que foi a primeira vez. E parece que me ficava bem,pelo menos foi o que disseram lá umas meninas que tomavam conta de nós.
O marido,de princípio,ouvia só,mas ,depois de um copito,lá disse das suas impressões. Sabem,a comida era boa,mas escassa. Estava,naquela altura,a recompor-se,comendo a dose dele e a da mulher,que fazia dieta,por causa da viagem. Sabem,fora uma vida de trabalhos,não dera para diversões. Tivemos sete filhos,vejam lá. Graças a Deus que se encontravam todos bem,na Alemanha,na França,no Canadá. Não se tinham de queixar muito,até estamos um bocado aliviados. Até já os fomos visitar,que eles assim quiseram,pagando tudo.
Mas uma coisa daquelas é que nunca tivera,sim senhor. Viajar,comer,dormir,divertir,por um dinheiro de quase nada. Se pudermos,viremos mais vezes. Deus o conserve por muitos anos,que homem como aquele é que nunca mais apanhamos.
Estavam, naquela altura, atravancando mesas de almoçar. Calhou ficar-se ao lado de um dos contemplados. Em frente,sentava-se a esposa,mais convivente. Mostravam-se eufóricos e agradecidos. Não mais o esquecerei,não a benesse,bem entendido,mas ele. Terá sempre o meu voto. Vejam lá que foi a primeira vez que entrei num casino. Pois gostei muito,até dancei. O meu marido é que não,que não é dessas coisas. Na praia,até vesti um fato de banho,o que foi a primeira vez. E parece que me ficava bem,pelo menos foi o que disseram lá umas meninas que tomavam conta de nós.
O marido,de princípio,ouvia só,mas ,depois de um copito,lá disse das suas impressões. Sabem,a comida era boa,mas escassa. Estava,naquela altura,a recompor-se,comendo a dose dele e a da mulher,que fazia dieta,por causa da viagem. Sabem,fora uma vida de trabalhos,não dera para diversões. Tivemos sete filhos,vejam lá. Graças a Deus que se encontravam todos bem,na Alemanha,na França,no Canadá. Não se tinham de queixar muito,até estamos um bocado aliviados. Até já os fomos visitar,que eles assim quiseram,pagando tudo.
Mas uma coisa daquelas é que nunca tivera,sim senhor. Viajar,comer,dormir,divertir,por um dinheiro de quase nada. Se pudermos,viremos mais vezes. Deus o conserve por muitos anos,que homem como aquele é que nunca mais apanhamos.
segunda-feira, 2 de março de 2009
DROUGHT IN ARGENTINA:IMAGE OF DAY
"DROUGHT FROM CALIFORNIA TO CHINA"
"...As early as 2007 UN Secretary General Ban Ki- Moon drew the connection between global warming,drought,and the conflict in Darfur. "The Darfur conflict began as an ecological crisis,arising at least in part from climate change",he told the world...."
Submitted by Jamie on 6 February,2009 - 11:06
http://www.350.org/en/about/blogs/drought-california-china
Submitted by Jamie on 6 February,2009 - 11:06
http://www.350.org/en/about/blogs/drought-california-china
domingo, 1 de março de 2009
FRUSTRAÇÕES
A alegria que foi por lá,pela casa do bode espiatório de ocasião,que umas vezes calha a um,e assim por diante,pois há que variar. É que se tinha feito luz,onde só havia trevas medonhas. E ele que nunca tinha pensado nisso,uma coisa tão simples. Também não tinha aparecido uma alma caridosa,ou mais,que lhe apontasse o caminho. Ele haver,havia,só que tinham mais que fazer. O pobre que continuasse lá a consumir-se.
E,afinal,era tão simples,estava mesmo ali à beirinha. É o que fazem as ralações de um bode espiatório,e não só,porque ele tem lá a sua vida,que não é assim uma qualquer,porque,não se sabe porquê,os bodes espiatórios,é de regra,têm sempre uma vida muito complicada,lá por coisas,quase sempre as nesmas.
Mas,afinal,vamos lá a saber que luz é essa que encheu de alegria o bode espiatório de ocasião. Uma coisa tão simples,que um mais simples acenderia se lhe pedissem.
E é assim. Os bodes espiatórios têm uma meritória função social,além de outras menos meritórias. É que eles servem,fundamentalmente,para aliviar,não para acabar de vez,com as malditas frustações,que deram em contaminar meio mundo,e de modo quase insanável,perpetuando-se. Descarregam-se neles,nos pobres bodes espiatórios,as montanhas de frustações que se erguem por aí.
E,afinal,era tão simples,estava mesmo ali à beirinha. É o que fazem as ralações de um bode espiatório,e não só,porque ele tem lá a sua vida,que não é assim uma qualquer,porque,não se sabe porquê,os bodes espiatórios,é de regra,têm sempre uma vida muito complicada,lá por coisas,quase sempre as nesmas.
Mas,afinal,vamos lá a saber que luz é essa que encheu de alegria o bode espiatório de ocasião. Uma coisa tão simples,que um mais simples acenderia se lhe pedissem.
E é assim. Os bodes espiatórios têm uma meritória função social,além de outras menos meritórias. É que eles servem,fundamentalmente,para aliviar,não para acabar de vez,com as malditas frustações,que deram em contaminar meio mundo,e de modo quase insanável,perpetuando-se. Descarregam-se neles,nos pobres bodes espiatórios,as montanhas de frustações que se erguem por aí.
"ARCTIC MELT OPENS NORTHWEST PASSAGE"
"The Arctic now has its lowest amount of sea ice (shown in green) since measurements began in 1978,as seen in the September 2007 mosaic image taken by Space Agency satelites.
The melt has completely opened the Northwest Passage(yellow line) and mostly cleared the Northeast Passage(blue line). Both represent time- and fuel-saving shortcuts between the Pacific and Atlantic Oceans."
Image courtesy ESA
http://news.nationalgeographic.com/news/bigphotos/38614724.html
The melt has completely opened the Northwest Passage(yellow line) and mostly cleared the Northeast Passage(blue line). Both represent time- and fuel-saving shortcuts between the Pacific and Atlantic Oceans."
Image courtesy ESA
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