sexta-feira, 20 de novembro de 2009

AZEDUME

Era um caso de muito pensar. Viera ao mundo carregado de dotes,
pelo que arrumava a um canto,muito tolhidinho,o comum dos mortais,
assombrado com tanta luminosidade.
Deveria espelhar-se,assim,em toda a sua figura,mas,muito em especial,na sua cara,nos seus olhos,na sua boca,uma satisfação imensa,única,irrompendo lá de dentro, impetuosamente,mil vezes incontida.
Mas não,mas tudo muito ao contrário. E era um azedume que dele brotava,por
tudo,e por nada,azedume nos gestos,azedume nos olhares,mas muito,muito acima destes,azedume nas palavras,de um azedume tal que parecia tudo querer dissolver.

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