"Um caso fortuito,o casamento de D.João com uma filha do Lencastre(filho de Eduardo III de Inglaterra)contribuiu para modificar a corte e as classes dirigentes de Portugal. Os filhos de D.João I nasceram com grandes dotes,e lograram educação primorosa no ambiente criado por D.Filipa,preceptora de toda a corte,a qual era constituída,como dissemos,por gente nova. Raras vezes se viu,em toda a história,tão notável realização de um ideal completo de humanidade. A corte,como escreveu um historiador,era então uma academia;os infantes,-cavaleiros,sábios e moralistas. O mais velho,D.Duarte,consciencioso e aplicado até ao escrúpulo doentio,estuda a ciência de reinar e a moral,escreve o Leal Conselheiro e a Arte de Cavalgar em toda sela;o segundo,D.Pedro,de cujas viagens se formou lenda,ajuda,com elas,a resolver o problema da Índia,estuda os éticos e os geógrafos,e compõe um tratado de moral sobre a Virtuosa Benfeitoria;o terceiro,D.Henrique,-calado,tenaz e duro-foi o propulsor dos descobrimentos;D.Fernando revelou no martírio as virtudes cristãs de que era capaz;de D.João,por acaso,não ficaram obras confirmativas do conceito excepcional em que o tiveram."Inclita geração,altos infantes",lhes chamou Camões nos seus Lusíadas."
António Sérgio
Guia de Portugal I
Raúl Proença
Biblioteca Nacional de Lisboa
1924
Apresentação e Notas de
Sant'anna Dionísio
Fundação Calouste Gulbenkian
1991
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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