sábado, 26 de dezembro de 2009

COMPAIXÃO

O jovem cantor tinha qualquer coisa que o distinguia. Não seria a voz,não seria o talhe,não seriam os gestos. Era qualquer coisa de indefinido,qualquer coisa muito sua,qualquer coisa que pedia palmas,muitas palmas,qualquer coisa muito íntima,que prendia,que comovia.Não era alto,nem baixo,não era um Apolo,muito longe disso,não era loiro,não tinha olhos azuis. Os olhos eram pequeninos,que mais pequeninos pareciam,enquadrados por uma barbicha negra.Seria talvez nos olhinhos que morava o segredo da simpatia que despertava. Comovia fitá-los. Eram olhos de jovem sensível,eram olhos de jovem que se compadecia. Comovia olhar para ele,porque dos seus olhos jorravam torrentes de compaixão,que se derramavam à sua volta,contagiando quem o ouvia,lá onde cantava,como em qulquer outro lugar onde a sua voz chegasse.

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