domingo, 20 de dezembro de 2009

HORROR

Como mudam os tempos,mesmo que não mudem as vontades. Estas permanecem,só que os tempos lhes temperam ou estimulam as expressões. O rapaz estava muito apaixonado. O seu olhar,o seu ar,as suas palavras traíam-no. Tudo se conjugava para a tradução em gestos do que lhe ia na alma. Bastava a ocasião e ela chegara. Os pares volteavam ao compasso de uma valsa. As mãos estavam presas e o braço dele amparava-a mansamente,delicadamente. Não sabia explicar o que se passara. Numa aproximação inesperada ou provocada,não se lembrava,os seus lábios roçaram ligeiramente as faces aveludadas e perfumadas. Horror. O que eu fui fazer,quase chorava o pobre moço no ombro do amigo. Que vai ela pensar? Sim,que vai ela supor? Que eu sou um animal,um devasso,um lúbrico. Não me perdoará,acredita. O amigo lá o consolou o melhor que pôde,mas ele estava inconsolável. Como mudam os tempos.

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