terça-feira, 29 de dezembro de 2009

HUMOR EM OS LUSÍADAS

Declara Júpiter a Vénus no Canto II (49). E depois, no Canto V (35), encontramos a cena em que todos certamente pensam quando se fala de humor em Os Lusíadas. Ela faz parte do célebre episódio do marinheiro Fernão Veloso – justamente aquele que, mais tarde, bradará: «caça estranha é esta!».
O meu propósito não é narrar o episódio, sobejamente conhecido. Recorde-se apenas que quando a armada do Gama se encontra na baía de Santa Helena, os navegadores portugueses entram em contacto com os indígenas; e que Veloso, espírito aventureiro e não pouco gabarola, acaba por pedir autorização para os acompanhar: ir com eles ver a povoação que tinham, pera trazer algua mais notícia da terra do que eles davam, como conta João de Barros na primeira Década da Ásia. Acaba por regressar a correr, perseguido pelos naturais, e tem de ser recolhido à pressa pelo batel enquanto se trava uma refrega em que o próprio Vasco da Gama é ferido. Já ao largo,Disse então a Veloso um companheiro(Começando-se todos a sorrir):– «Olá, Veloso amigo, aquele outeiroÉ melhor de decer que de subir...»– «Sim, é, – responde o ousado aventureiro –Mas, quando eu para cá vi tantos virDaqueles cães, depressa um pouco vim,Por me lembrar que estáveis cá sem mim.»

In http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/letras/ensaio28.htm

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