sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A DÍVIDA

Passava a maior parte do tempo de que ainda dispunha a descansar. Era o que o velho e achacado corpo lhe pedia,talvez para não estranhar depois o que tinha como certo,o descanso definitivo.
E fora assim,deitado,que ele lá estava no banco do jardim,à espera de que se abrisse a porta da sopinha,ali mesmo em frente. Dessa vez,levantou-se logo,compondo-se o melhor que pôde,para receber a visita. Sonharia com ela.
Não se sabe se seriam de encantar os sonhos. Por um lado,talvez gostasse delas,por as mãos não virem vazias. O pior era a dívida que ia crescendo,e ele,coitado,não tinha como a anular.
Não era ele o primeiro,nem seria o último,está mais que visto,a ter por companhia teimosa o espectro da dívida,a lembrar-lhe para sempre de que precisara,de que estendera,ou não,a mão,o que ia dar ao mesmo. E isso,certamente,o magoaria,a ponto,talvez,de exceder o gosto da dádiva.

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