terça-feira, 6 de outubro de 2009

O SEU PERIQUITO

Tão feliz que a senhora estava. Não fora uma moeda que ela tinha perdido e que acabara por encontrar,mas muito mais,fora o seu periquito,o seu único companheiro de há longos quatorze anos que voltara para a gaiola.

Julgara-o perdido para sempre. A porta da prisão abrira-se e o periquito aproveitara para ir dar uma volta de quase um dia. Tão ralada que ela ficara. Por onde andaria o seu amigo,com quem ela conversava tanto?

As voltas que ela dera à casa. Não escapou um canto. Espreitou por debaixo da cama mais de uma vez,revolveu os armários,e o seu periquito não dava sinal de si. Desceu e subiu a escada de serviço do prédio,e foi o mesmo que nada. Nem sombras do periquito. Bateu à porta dos vizinhos em vão.

Afinal,o seu periquito não tinha saído da casa. Fora dar com ele debaixo da mesa da cozinha. Tão feliz que ela estava,até pareceu ter remoçado. O que seria dela sem o seu companheiro e amigo de tantos anos? Mais valeria a morte.

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