Havia que lhe fazer justiça. A riqueza dele não fora ele que a obtivera,mas sim o pai,um homem com um faro muito apurado para o negócio. Parecia adivinhar onde poderia arranjar cem por um.
Quão diferente o filho era,quão diferente era ele. Negócio para ele era como um bicho de sete cabeças,de que tinha de fugir a sete pés. Era o que se chama um fulano sem jeito nenhum para o negócio,um desastre.
Com a riqueza do pai,ele, que era filho único,poderia ter ficado de papo para o ar toda a sua vida.
Pois não ficou. Era daqueles que teriam de ganhar o seu pão com o suor do seu rosto,o que,no seu caso,não foi uma mera figura de retórica.
E bem o ganhou,um ganho sofrido,por ter escolhido ocupação o mais desajustada ao seu corpo,um corpo pesado,um corpo dorido. E foi com esse corpo que ele andou por aqui,por ali,lá longe,por sítios quase sempre de muito calor.
Teria ele da riqueza o entendimento de que é ela o alvo,o objecto de muita gente,talvez da maioria. E que essa gente a procura teimosamente,tenazmente,e nela se quer instalar,para dela só sair à força. Caberá hoje a uns,amanhã a outros. Não será apenas um caso de sorte,
certamente,mas disso muito se aproximará. O certo é que os tais muitos a cortejam.
Não foi de estranhar,pois,que,um dia,fosse visto a aconselhar paciência a quem já a teria perdido, por não verem meio de sairem da pobreza em que tinham vivido por gerações. É que quase certo seria que naquela pobreza morasse fermento de riqueza. Havia que lhe fazer justiça.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
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