segunda-feira, 31 de março de 2008

RICA VARANDA

Naquela manhã,ele não suportou mais aquele estar sentado à mesa do café onde tem passado grande parte das horas que lhe restam. A mulher ainda lá ficou. Esta vive ainda mais daquilo. Pode dizer-se,até,que ela vive para aquilo. Pode ela lá dispensar aquela rica varanda. De lá,vê meio mundo,o mundo que lhe interessa.
Sentam-se,quase sempre,na mesma mesa,o melhor ponto de observação. Ele lê o jornal e torna a lê-lo,mas só as gordas,que a vista tem de ser poupada. De resto,ele acha que as gordas têm o essencial. Para que havia de ler tudo? Ela não se cansa do panorama.
Estão ambos velhos,e ele claramente mais gasto. Talvez naquela noite tivesse dormido mal,talvez as gordas o tivessem fortemente abalado. Como quer que fosse,saiu de lá a correr,como a pedir socorro.
De lá saído,recomeçou um seu outro passatempo e que é o de calcorrear algumas ruas dos seu bairro,sempre as mesmas,que ele conhece de cor e salteado. Conversa com este e com aquele,que ele é sociável e amigo de toda a gente.
A mulher ficou lá à espera dele. Quando a fome apertasse,ele havia de aparecer. No dia seguinte,voltariam ao seu café e seria o que Deus quisesse.

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